Paralisação de auditores da Receita compromete esforço exportador

A paralisação dos auditores da Receita Federal compromete o esforço e os investimentos feitos pela indústria brasileira para conquistar clientes e mercados no exterior. Os atrasos na liberação de mercadorias nos portos e aeroportos do país também prejudicam a produção das indústrias que dependem de insumos importados e aumentam os custos com aluguel de armazéns e contratos de frete para importação ou
exportação. A afirmação é do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Eduardo Moreira Ferreira.

Mas o principal prejuízo da paralisação, destaca Moreira Ferreira, é o atraso nos embarques de mercadorias, que ameaça o cumprimento dos prazos e pode dar motivos para os compradores estrangeiros romperem contratos
com os fornecedores brasileiros. “As empresas fizeram altos investimentos para adequar os produtos às exigências do mercado externo e conquistar a confiança dos compradores. Todo esse esforço pode ser perdido com atraso na entrega dos pedidos”, afirma Moreira Ferreira.

Segundo o presidente da CNI, a manutenção dos clientes é tão importante e
tão estratégica que, apesar dos prejuízos com a forte desvalorização do dólar frente ao real, a maioria das indústrias continua exportando para
não desperdiçar os investimentos feitos em novos mercados. A Sondagem Especial da CNI, divulgada no início deste mês, revela que 64,3% das grandes empresas e 60,2% das médias e pequenas indústrias afirmaram que a preservação do cliente é o principal motivo para a manutenção das vendas externas.

Moreira Ferreira lembra que a rentabilidade média das exportações brasileiras, medida pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior
(Funcex), caiu 17% entre 2004 e 2005. De janeiro a maio deste ano, as perdas são de 5,5% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Grande parte desse resultado negativo foi provocada pelo câmbio. De janeiro a maio, a valorização do real frente ao dólar atingiu 16% em relação ao mesmo período do ano passado. “O acúmulo de prejuízos desestimula os empresários e pode resultar na queda das exportações brasileiras”, afirma o presidente da CNI. Os auditores fiscais da Receita Federal estão em greve desde o dia 2 de maio. A categoria pede reajustes salariais para os fiscais da ativa e os aposentados.