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Segunda, 26 de junho de 2006, 15h13

Brasil produz mosca para combater praga da fruta


O Brasil está prestes a se tornar um grande produtor de moscas. Pretende, inclusive, colocar o inseto na pauta de exportações para o próximo ano. A fábrica já está funcionando, em Juazeiro, na Bahia, com uma produção que deverá chegar a 200 milhões de moscas por semana até 2007. E os fruticultores brasileiros não poderiam estar mais felizes com isso.

A espécie que está sendo produzida é a Ceratitis capitata, ou mosca do Mediterrâneo, uma das principais pragas da fruticultura no mundo. Ela é a identidade secreta do inoportuno bicho da goiaba - assim como do bicho da maçã, da uva, do pêssego, da manga e de qualquer outra fruta na qual a mosca consiga depositar seus ovos. A presença das larvas inviabiliza a comercialização, causando grandes prejuízos aos agricultores.

Por que, então, produzir ainda mais delas? Trata-se de uma curiosa estratégia de controle biológico. Os insetos (todos machos) produzidos em Juazeiro saem do criadouro com um importante defeito de fabricação: por fora, são idênticos a qualquer outra Ceratitis capitata, mas, por dentro, são completamente estéreis. Quando liberados na natureza, funcionam como verdadeiras moscas de Tróia: copulam normalmente com as fêmeas, mas os ovos que são depositados nas frutas não se transformam em larvas.

É como se fosse um inseticida vivo, porque o macho procura naturalmente a fêmea, diz o diretor-presidente da Moscamed Brasil e professor aposentado de genética da Universidade de São Paulo, Aldo Malavasi.

A biofábrica, financiada em grande parte pelos Ministérios da Ciência e Tecnologia, Agricultura e Integração Nacional, está em operação desde março, mas ainda aguarda a presença das respectivas autoridades para ser oficialmente inaugurada. A produção atual é de 3 milhões de moscas por semana e três projetos piloto de liberação na natureza já estão em andamento na Bahia e Pernambuco.

A fabricação das moscas estéreis emprega ferramentas biológicas e radioativas. Para selecionar apenas os machos, os ovos iniciais são produzidos por uma matriz de fêmeas geneticamente modificadas, nas quais o gene responsável pela síntese de uma proteína de resistência ao calor está desativado (apenas no cromossomo feminino). Dessa forma, os ovos fêmeas tornam-se sensíveis a temperaturas mais altas e podem ser inutilizados com um simples banho de água quente - do qual os machos saem perfeitamente ilesos.

Os ovos, então, se transformam em larvas e, mais tarde, em pupas, que são irradiadas com uma fonte de cobalto 60 (um elemento radioativo). A radiação quebra os cromossomos dos espermatozóides dentro da pupa, tornando a futura mosca completamente estéril. E para aqueles que estão imaginando algum tipo de reator nuclear, Malavasi tranqüiliza: a dose de radiação usada é equivalente à de um raio X de dentista. As moscas não são radioativas de maneira alguma. E nem transgênicas. Apenas estéreis.

Se o plano de aumentar a produção para 200 milhões de moscas por semana até março de 2007 for confirmado, a expectativa é exportar metade disso para a Espanha e o Marrocos.


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