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Raoni Ricci
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Segunda, 17 de janeiro de 2011, 10h35

Críticas à Saúde de MT são necessárias

É natural que o governador Silval Barbosa (PMDB) queira evitar que seu atual secretariado critique a gestão do seu antecessor, o agora senador Blairo Maggi (PR). O peemedebista não só foi vice como foi brindado com alguns meses como governador dentro do mandato do republicano.

Jogaram no mesmo time, inclusive Maggi teve papel importante na eleição de Silval. Entretanto, algumas questões são pontuais e até necessárias. Têm causado muita polêmica as declarações do secretário estadual de saúde, Pedro Henry (PP), mas a situação da saúde em Mato Grosso é mesmo endêmica.

Com a língua afiada, Henry assumiu a Secretaria Estadual de Saúde (SES) colocando o dedo em uma grande ferida. Disse que “taparia os ralos” por onde o dinheiro estaria escoando de maneira irregular e que a pasta foi tratada com descaso pela última gestão. Frases fortes e que caíram como uma bomba no Palácio Paiaguás.

Muitos estranharam, vindo de quem vem. Pedro Henry foi destaque nacional quando teve o seu nome envolvido nos escândalos da “Máfia das Sanguessugas” e “Mensalão”. Para muitos seria o último com direito para falar sobre descaso e dinheiro público escoando de maneira irregular.

A questão é que Henry foi absolvido em praticamente todos os processos, até mesmo sendo liberado para tomar posse como deputado federal, cargo para o qual foi eleito em 2010 com mais de 80 mil votos, mas do qual se licenciará para comandar a saúde estadual. Isso, na sua visão, o credencia a falar.

Por outros motivos, o governo quer blindar Blairo Maggi. O homem forte, tanto de Maggi como de Silval, o secretário chefe da Casa Civil, Éder Moraes, disse que está decretado que é proibido criticar a antiga gestão. Um erro, afinal, as críticas de Henry, mesmo que ferinas e até com um fundo político, é claro, são fundamentais para se começar um amplo debate sobre a saúde em Mato Grosso.

Em uma análise fria, Maggi comandou grandes avanços para o estado, principalmente em infraestrutura. Mas é inegável que seu governo deixou e muito a desejar no social. A saúde foi relegada a segundo ou até mesmo a terceiro plano. É certo que é uma área problemática em todo o Brasil, porém, em Mato Grosso a situação se tornou alarmante nos últimos anos.

O atendimento no interior do estado, que já era precário, se tornou ainda pior com o fechamento de vários hospitais após serem comprados pelo Executivo Estadual. Até mesmo em Cuiabá o governo comprou hospitais, como o São Tomé, que hoje não atende pacientes. Uns estão parados, outros funcionam como garagem dos veículos do Samu.

Sem assistência em suas cidades, centenas de pessoas passaram a peregrinar para o Pronto Socorro de Cuiabá em busca de atendimento, sufocando a unidade da Capital, que mal consegue atender os pacientes da própria cidade. Em abril do ano passado o Governo do Estado lançou o tão propalado Programa de Ação da Saúde (PAS). Seria a solução para todos os problemas.

A contar pelos resultados, foi mesmo apenas uma grande ação de marketing. O programa Fila Zero, incluso no PAS, que visava diminuir as filas de exames e cirurgias do SUS, teve efeito contrário. Em 2009 eram cerca de 4 mil pessoas. No final de 2010 esse número saltou para mais de dez mil em filas.

Em outros tempos, moradores de estados e até países vizinhos vinham para Mato Grosso em busca de atendimento, agora a situação se inverteu. Os mato-grossenses é que estão procurando tratamento em outros estados, como Rondônia, que tem um sistema muito precário de saúde.

É evidente que ou a Saúde foi mesmo tratada com descaso ou as pessoas que a conduziram no estado não tinham a mínima capacidade técnica. As vísceras estão expostas. Esta é a grande chance que o Governo do Estado tem de mudar essa triste realidade. Que Silval Barbosa entenda as críticas e busque soluções. Que as declarações de Pedro Henry não fiquem apenas como frases de efeito e palavras de ordem.

A sociedade está esperando agoniada por uma saúde decente, digna. Barbosa e Henry podem matar dois coelhos com uma cajadada só. Arrumam a saúde e oferecem atendimento ao povo e de quebra colecionam pontos muito importantes para suas pretensões políticas. A realidade é essa.

RAONI RICCI é jornalista em Cuiabá
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