Planejamento detecta problemas com água em Barão de Melgaço

Quem chega a Barão de Melgaço a primeira coisa que pensa é que não falta água no município. De fato não falta. Cidade ribeirinha de Mato Grosso, nas margens do Rio Cuiabá, ela se funde com os 250 mil quilômetros quadrados de bacia do Pantanal, a maior planície alagada do mundo. O que falta ali é água boa para o consumo humano.

A constatação foi feita pelos engenheiros responsáveis pela elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico. “O que não existe é água de boa qualidade para o consumo humano”, explica o engenheiro Rubem Mauro Palma de Moura. Ele é professor aposentado da UFMT e coordenador operacional do PMSB 106, programa realizado em convênio da Funasa com a Universidade Federal que visa elaborar os Planos de Saneamento nos municípios com menos de 50 mil habitantes.

Há 32 anos uma ampliação do sistema de abastecimento de água superficial dotou o município de uma estação de tratamento que por sí só abasteceria todo o município. No entanto, a falta de manutenção fez com que o sistema se degradasse. E a água límpida, com o passar do tempo foi perdendo a qualidade.

Sem decantação e filtragem no sistema além do comprometimento da qualidade a água leva para as residências um descontentamento geral: as impurezas vão ser decantadas na caixa dàgua e depositada no fundo. Na periferia a realidade é diferente. Sete poços profundos fornecem a água. Ela é boa para o consumo quando sai do poço, no entanto não recebe nenhum tratamento de cloro e quando é transportada vai perdendo a qualidade, até chegar na torneira das casas. “O ideal é que ela chegue no último consumidor com pelo menos 0,2 ppm (partes por mil)”, explicam as engenheiras Larissa Turini e Daisy Cristina Santana, que integram a equipe que atende Barão de Melgaço.

Levantamento de dados da equipe do PMSB junto a população para a elaboração do diagnóstico do município constatou que34,1% dos entrevistados apontaram a existência de problema relacionado à cor da água, 18,2% informaram a existência de sujeira na água; 13,6% apontaram problemas com o gosto; 11,4% apontaram problema relacionado ao odor; 2,27% apontam outros problemas e 2,27% não sabiam e apenas 18,2% consideram a água de boa qualidade.

A situação da água deverá receber destaque na elaboração do Plano Municipal de Saneamento, que ainda contempla planejamento de destinação de resíduos sólidos domiciliar, sistemas de tratamento e coleta de esgoto sanitário e ainda drenagem. O Pklano de Barão de Melgaço é um dos 106 que um convênio entre a Funasa e UFMT vem desenvolvendo no Estado, em parceria com Governo do Estado e Associação dos Municípios de Mato Grosso.