Cuiabá | MT 01/05/2024
Kharina Nogueira
A267204b3814c10264d43f9a3b92495e
Segunda, 21 de março de 2011, 11h24

Quem cuidará das Drogas do nosso País?!

Ainda no rastro da ficção realista, é fundamental reconhecermos que é em índices altamente crescentes nos últimos anos que o Brasil vem sofrendo um exagerado aumento do consumo de dependentes químicos. Infelizmente não houve uma mudança correspondente no vigor das políticas públicas que pudesse minimamente atenuar o impacto desse fenômeno na saúde pública. O tráfico virou componente fundamental para o quadro de guerra civil em que vivemos já há alguns anos. Pouca gente se deu conta ou insiste em não enxergar que a falta de planejamento nesta questão e, mais especificamente, de uma política específica e emergencial desde o combate, prevenção até a criação de uma Clínica Pública com acompanhamento adequado desde profissionais, medicamentos, psicológicos e reintegração destes cidadãos na sociedade se constituem em um dos principais fatores para frear a violência, hora tão aterrorizante em todos os meios de comunicação.
O que existe é uma série de iniciativas, a maioria por indivíduos ou algumas organizações, que tentam vários de tipos de ações, mas sem nenhuma direção clara e sem evidência de que aquilo que é feito tenha um impacto na diminuição do consumo. O que precisamos são de modelos mais definidos de prevenção, recursos para o tamanho da tarefa, e um sistema de avaliação sistemático para monitorar esse comportamento na sociedade atual.

Por exemplo, os EUA anualmente fazem vários levantamentos em escolas e nas comunidades para monitorar o uso de substâncias pelas crianças americanas. Um dos estudos inclusive chama-se “Monitorar o Futuro” e tem como objetivo claro avaliar quais as políticas preventivas que estão funcionando. Vale à pena ressaltar que o consumo de várias drogas está diminuindo nos EUA. Vários fatores contribuíram para o sucesso parcial da estratégia americana: escolher a criança e o adolescente como o foco da prevenção, estratégias universais onde toda criança americana deveria receber um mínimo de informações sobre as drogas e o financiamento de centenas de projetos comunitários que são mais específicos e adaptados para um tipo de população.

A meu ver, na verdade, a cumplicidade tolerante dos governos e a negligência com o caos que nos rodeia diariamente em todas as classes resultou em complexos inexpugnáveis em praticamente todos os bairros da cidade. São labirintos de previsíveis conseqüências de degradação humana, que contribuíram para o atual estágio de caos social. São populações inteiras marginalizadas e esquecidas sob o julgo de gangues, que proliferaram pela cidade com a complacência e muitas vezes até em parceria do Estado, que insiste em tratar a violência pública unicamente como assunto de polícia.

É preciso atentar também para as políticas públicas inicialmente postas em prática para transformar pessoas em verdadeiros seres humanos, devolvendo-lhes o direito de ser tratado como tal, ou afinal isso não é obrigação dos atuais Governos?! Porém, a realidade atual é que estas políticas acabaram por multiplicar e institucionalizar a desordem. Basta ver o que aconteceu com históricos e bucólicos bairros dos subúrbios e a luz do dia em ruas onde deveriam ser preservados patrimônios históricos virando verdadeiramente bocas-de-fumo. Assim se transformou em ruas-bairros-favela tal o grau de degradação e abandono humano que atingiram, por causa de posturas no mínimo demagógicas de autoridades egocêntricas e populistas, sem nenhum compromisso para com a qualidade de vida dos cidadãos.

Na verdade, tais discursos só serviram a grupos de oportunistas que comercializam e sobrevivem da carência e ignorância das massas, supervalorizando migalhas assistencialistas, num primeiro momento simpáticas, mas que, na verdade, eterniza a acomodação de quem só tem a esperança por salvação. Não é possível integrar o cidadão à cidade transformando a cidade toda numa grande boca-de-fumo. Só se integra com políticas humanas dignas de erradicação total, pois só assim retiraremos populações inteiras da marginalidade. Por isso insisto que, nas últimas décadas, o planejamento responsável e a prática deram lugar a políticas de maquiagem urbana e muita publicidade. Resultado: O tráfico, os dependentes, o descaso e o caos social.
Resgatar a dignidade desta crescente população marginalizada deveria ser prioridade de toda a sociedade, a começar por suas elites, pois a continuar este estado de coisas em que a tragédia já não mais emociona, acabaremos nas mãos de "salvadores da pátria", os chamados ditadores da democracia. Aliás, pouca gente se deu conta que, talvez, esteja sendo preparado o terreno fértil para aventuras pouco ortodoxas sob a bandeira de se resgatar a justiça social.

Sabemos que os primeiros passos para tal consistem na desmoralização das instituições juntamente com incentivos à tensão social, práticas estas que fazem parte do nosso cotidiano atual. No campo, tal processo é acelerado por condutas de organizações, que já não disfarçam suas intenções "revolucionárias" para a conquista do poder pela força e pelas fragilidades decorrentes da democracia legal instalada no País desde a Constituição de 88.

De qualquer forma, para mim, pelo menos uma coisa ficou evidente nos últimos anos: o povo se identificando cada vez mais com figuras heróicas, ou às vezes até em voto de protesto figuras outrora ditas comediantes, não pelos conflitos pessoais, mas, pela determinação de que é preciso resistir e reagir sempre. É isso, no mínimo, que a população espera dos nossos Governantes. A acomodação não transforma sonhos de justiça em realidade social. Eu acredito porque sou brasileira.
 

Kharina Nogueira é Colunista Social e Relações Públicas
MAIS COLUNAS DE: Kharina Nogueira

» ver todas

Busca



Enquete

O Governo de MT começou a implantar o BRT entre VG e Cuiabá. Na sua opinião:

Será mais prático que o VLT
Vai resolver o problema do transporte público.
É uma alternativa temporaria.
  Resultado
Facebook Twitter Google+ RSS
Logo_azado

Plantão News.com.br - 2009 Todos os Direitos Reservados.

email:redacao@plantaonews.com.br / Fone: (65) 98431-3114