Cuiabá | MT 27/04/2024
Vilson Nery e Antonio Cavalcante Filho
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Quinta, 29 de dezembro de 2011, 13h24

Blairo, o Mago

Poucas pessoas públicas despertaram na sociedade (eleitores) em geral a expectativa de novas experiências no trato da coisa pública, esperança de novos rumos e novas histórias, como o cidadão político Blairo Borges Maggi.

Nos anos 90 ele era um vigoroso financiador de campanhas eleitorais de candidatos ruralistas, inclusive indicando empregados seus (do conglomerado Amaggi) em cargo de assessoria no Senado Federal (caso Pagot, assessor de Jonas Pinheiro, mesmo residindo em Manaus/AM).

Cansado de intermediar, resolveu ele próprio assumir a titularidade dos mandatos, passando de financiador (de campanhas eleitorais) a financiado. Há quem diga que sua situação financeira e a cotação nas pesquisas de preferência, em 2002, combinavam: tamanho ‘p’ de pequenas.

Politicamente foi beneficiado pelos resultados da ‘Operação Arca de Noé’, que, por vias transversas, deu uma chacoalhada no quadro eleitoral em Mato Grosso, alterando prognósticos até então consolidados.

Naquela época, por meio de sua esposa, que é advogada, conseguiu reunir públicos seletos para ouvi-lo, inclusive juízes, e aproveitou para apresentar suas propostas de governo. Foi a primeira relação, ‘leading case’ (juridiquês), do Mago com a classe que opera o Direito.

Assumindo a direção do Estado, gabando-se de ter gasto 10 milhões do próprio bolso para financiar a campanha eleitoral, traz para a administração pública estadual nomes desconhecidos, como o dos irmãos Sachetti, os irmãos Pagot (sim, são dois), Moro, Teiss, Pivetta etc.

Mesmo prometendo novos paradigmas, pede bênçãos batismais a Bezerra, Riva, Jaime, França e com eles, mais os petistas, imprime uma ‘gestão de resultados’ onde a ordem era permitir cultura de soja (desonerada) até nos Andes, se preciso e conceder isenções de tributos.

Mas por trás desse homem de sucesso empresarial existia também um político às antigas, que cedeu a todo tipo de chantagem em que a vítima era o cofre ‘da véia’ (mas o próprio manteve-se intacto). Garantiu o reinado dos Campos no Tribunal de Contas, mantendo a vitaliciedade familiar a Campos Neto e homenageou ‘Campos Pai’ batizando a rodovia estadual de acesso a Rosário Oeste com o nome deste.

Aos protestos do alcaide e do povo daquela bucólica cidade.

Ao final da eleição passada (2010), enquanto seu companheiro de chapa Abicalil estrebuchava a derrota, reuniu-se com Pedro Taques em seu ‘rancho’ no Manso para ‘discutir os problemas de Mato Grosso’. Tentou conversa com o Juiz Julier, mas ainda não conseguiu. Virou parceiro de Lula, um antigo militante anti latifundiários.

Mas todo sucesso (financeiro, empresarial e político) tem uma explicação e um preço. É a regra do Capitalismo, religião professada pelo mágico Blairo.

E os segredos (explicações e custos) estão nos meandros dos escândalos que vêm a tona, aos montes, neste Estado: cartas de crédito, precatórios, forma pela qual ‘ganhamos’ a Copa 2014, Agecopa (cabide para 120 assessores), DNIT, privatização de rodovias, isenções fiscais, maquinários etc.

Bom, neste último caso, o sumiço de 54 milhões na compra de máquinas e caminhões, Maggi recebeu do antes combativo Ministério Público estadual uma espécie de ‘habeas corpus’ preventivo liberatório. Segundo entendem suas Excelências, houve crime, houve vítima, há dano, mas não existe criminoso.

Santa hermenêutica jurídica!

E agora a mais nova do Mago Blairo: depois de sacar mais de um milhão de reais em ‘dinheiro vivo’ na ‘boca do caixa’ para sua rica e vitoriosa campanha ao Senado Federal, o ‘piá do ‘seo’ André Maggi apresentou em Brasília uma lei que proíbe processos contra aqueles que forem eleitos nos cargos públicos.

É assim: o sujeito compra voto, desvia recursos e patrimônios para sua eleição, vence o pleito ‘chutando’ o Código Eleitoral e a Constituição e de imediato ganha um ‘salvo conduto’. Como diria um ministro do Supremo Tribunal Federal, é um ‘duplo twist carpado’ legislativo, para proteger ‘fichas sujas’.

Essa é a ‘quebra de paradigmas’ que Blairo prometeu em campanha. Pena que isso também ‘quebra’ os cofres do Estado de Mato Grosso.

Como Blairo gostou tanto do palácio Paiaguás que construiu o escritório de suas empresas a duas quadras do local, voltaremos ao assunto! 

Vilson Nery e Antonio Cavalcante Filho são militantes do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral) Comitê de Mato Grosso.
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