Cuiabá | MT 27/04/2024
Vilson Nery e Antonio Cavalcante Filho
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Quarta, 28 de novembro de 2012, 16h10

Missa do sétimo dia

Um dia desses levei um enorme susto em Várzea Grande.

Estava eu voltando para minha casa, no final de mais um dia, após longa e estafante jornada de trabalho, suportando irresignado o sacolejo provocado por nossas ruas esburacadas e atento à escuridão das vias estreitas (construídas na medida certa para tráfego de carroças, por gestores “de visão”). Todavia – eu esclareço - não foi a imagem da rua sem iluminação que substituiu aquelas que até então dominavam os meus pensamentos.

Também não foi a visão de uma velha “banheira” (que trafegava na contramão) que alguns desavisados insistem em chamar de ônibus, um daqueles veículos antigos, quentes e malcheirosos, sempre lotados (mães de família sendo apalpadas por marmanjos a todo instante), resultado de um criminoso monopólio de serviço público a favor de uma empresa cujo proprietário é chefe de um clã familiar (que bem poderia ser chamado de quadrilha).

A imagem que chocou foi a visão de um caixão de defunto “enfeitando” a (nem tão linda) rua.

A ligação mental com o passado foi inevitável e fez-se instantânea. Aqueles artefatos fúnebres e fantasmagóricos (eu soube depois) foram caprichosamente espalhados por “lambe botas” das velhas oligarquias regressistas “familiocratas” que tentam imputar a terceiros aquelas condutas que eles sempre fizeram (são capazes de matar e depois verter lágrimas no velório da vítima).

Ou alguém não lembra que há 30 anos um advogado chamado Celso Quintela denunciou que a Oligarquia de Várzea Grande fraudava eleições, punha mortos para votar, ameaçava opositores políticos e manipulava a Justiça, enfim, “tocava” terror geral? Naquela época o advogado denunciante foi executado à luz do dia e a autoria do homicídio (bem como dos delitos eleitorais antecedentes por ele denunciados) até hoje nos é desconhecida.

“Desconhecida uma ova”, você alertaria.

Tudo bem, vamos corrigir. A autoria não foi conhecida pela (cega) Justiça de Mato Grosso, mas a verdade real dos fatos o povão todo sabe. É só perguntar nas ruas do Bom Sucesso, do Capão do Pequi, do São Mateus ou do Ipase que as pessoas dirão sobre o crime e o criminoso.

Mas os caixões espalhados pelas ruas são a inspiração para estas mal traçadas palavras, então a eles voltemos nossos pensamentos.

Vamos utilizar estes artefatos mórbidos para todos nós, juntos, fazermos um grande (e festivo) funeral em Várzea Grande, que represente, ainda que simbolicamente (infelizmente), o sepultamento eterno de todo o mal que esses coronéis da politicagem causaram ao povo várzea-grandense durante décadas. O local ideal para o velório e inumação dessas velharias de repugnantes memórias é sem dúvidas o lixão do município.

E será ali, entre restos de lixo, fumaça, podridões e sobrevoos de urubus, o espaço ideal para construirmos o sarcófago desses faraós pantaneiros, envolvidos não por túnicas de seda, mas em restolho de papel higiênico e "bálsamo" mal cheiroso do chorume ((líquido de cor preto da matéria orgânica em decomposição). Nas respectivas tumbas (são vários os coronéis mafiosos) colocaremos lápides com os seguintes dizeres: “Aqui jaz os sanguessugas do povo de Várzea Grande. Descansem na Paz (que vocês negaram ao povo)”.

Pois bem.

Falsificar documentos em eleição, relacionar pessoas mortas entre os eleitores que comparecem às urnas, nada disso é novidade no processo político eleitoral em Várzea Grande (lá tem até um Juiz que fez audiência com uma pessoa morta, liberando um alvará no valor de milhões de reais!). O que será alvissareiro, e é esta a cobrança que se deve fazer à Justiça Eleitoral de nosso Estado, é descobrir (e punir exemplarmente) a autoria, o mentor, o incentivador, o beneficiário de tal “esquema”. Porque é muito simples forjar delitos e imputar a fraude a terceiros, se beneficiando com nova eleição (embargos do tinhoso).

E pode até “virar moda”.

Enquanto não se descobre a autoria do crime (e os seus beneficiários) convidamos todos para a Missa do Sétimo Dia, em memória pelo fim da era dos coronéis, que jazem soterrados no lixão. Os féretros são aqueles que estavam “enfeitando” as ruas. Contamos com todos!


*Antonio Cavalcante Filho e Vilson Nery são ativistas do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral) 

Vilson Nery e Antonio Cavalcante Filho são militantes do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral) Comitê de Mato Grosso.
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