Cuiabá | MT 27/04/2024
Vilson Nery e Antonio Cavalcante Filho
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Terça, 02 de abril de 2013, 10h44

A 'bolsa corrupção'

Em períodos que antecedem aos pleitos eleitorais é comum as pessoas ficarem magnetizadas com as informações que são ditas sobre os políticos e se vê com indignação os “acordos” (conchavos) eleitorais que são fechados, visando a “vitória”.

Em Mato Grosso a “governabilidade” acaba sendo um poderoso “pano de fundo” para anestesiar (iludir o povão) sobre o sumiço de meio bilhão de reais dos cofres públicos, fato criminoso detectado na operação policial “Arca de Noé”, deflagrada pela Justiça Federal com o apoio do Gaeco (em 2002).

Naquela oportunidade descobriu-se que os “probos” dirigentes da assembleia legislativa de nosso Estado preenchiam cheques do órgão público e sacavam em “dinheiro vivo” na factoring do “Comendador” Arcanjo.

O rombo, segundo cálculos judiciais feitos nos mais de 130 processos que tratam do caso, chega a quinhentos milhões de reais (e a Revista Veja disse que a cada três dias mais um processo novo é distribuído contra os autores da tal “façanha”).

E o que esse montante (meio bilhão de reais) significa na prática?

Para responder, um economista mato-grossense, colaborador do MCCE, fez as contas e indica o que poderia ser comprado com esse dinheiro, surrupiado do povo pelos “mãos leves” (que estão mais ativos do que nunca).

Primeiramente, já sabemos que oferecer saúde pública é um dever estatal, que tal comprarmos 5.623 ambulâncias básicas e entregar pelo menos umas cinco unidades a cada um dos 141 municípios do Estado?

Pois bem.

Cada ambulância custa R$ 95 mil e vem equipada com instrumentos básicos para remoção de pacientes que não estão em estado grave. Então o cidadão de Novo São Joaquim, Juara, Pedra Preta e Cáceres teria direito a pelo menos cinco ambulâncias em sua cidade, novinhas em folha.

Bem, com meio bilhão seria possível também adquirir ambulâncias no valor de R$ 135 mil, mais sofisticadas, equipadas para a remoção de pacientes em estado grave ou gravíssimo, e aí seria possível comprar 3.707 veículos novos para essa edificante tarefa (salvar as vidas de nossos irmãos).

Cada UTI (Unidade de Terapia Intensiva) custa em torno de 22 mil, portanto é crível que o dinheiro roubado retirou da população 22.727 leitos de UTI completos.

É claro que isso revolta e é uma prova matemática de que a corrupção causa a morte de pessoas, portanto combater a corrupção é fazer a defesa da vida!
Mas que tal a educação pública?

Com o dinheiro do “bolsa corrupção” seria possível comprar 4.065 ônibus escolares, bem equipados e com capacidade para transportar 40 alunos confortavelmente. Cada ônibus escolar custa 123 mil.

Segundo dado publicado pelo TCE/MT o custo de um aluno em sala de aula é de R$ 228 reais ao mês ou R$ 2.736 reais por ano. Isso significa que a grana retirou 182.748 alunos das salas de aula, onde ficariam lá por um ano, e colocou essas crianças à mercê de criminosos (os chamados “soldadinhos do tráfico”).

Pois bem, vamos construir casas aos nossos irmãos mato-grossenses, recuperando a grana roubada pelos políticos. É possível edificar 10.000 novas moradias (isso mesmo, 10.000!), com elevado padrão de conforto. (cada uma custa R$ 50 mil). Sabemos que um apartamento “alto padrão”, em Cuiabá, com quatro suítes, vale uns R$ 780.000 reais, portanto a grana “garfada” de nossos bolsos permitiria a compra de 641 imóveis de alto padrão.

Mas é possível, com o mesmo dinheiro, comprar 3.448.275 (três milhões, quatrocentos e quarenta e oito mil, duzentos e setenta e cinco) cestas básicas, ao custo unitário de R$ 145. Com isso seria possível alimentar a população de Várzea Grande, Poconé, Santo Antonio do Leverger, Livramento e Jangada, por um ano inteirinho!

Como precisamos de asfalto, e o quilômetro construído custa, em média, R$ 300 mil, poder-se-ia asfaltar 1.666 quilômetros de estrada, com acostamento e sinalização vertical e isso equivale a quase quatro vezes a distância entre Cuiabá e Sinop. Com a vantagem de que centenas de vidas seriam poupadas, com motoristas trafegando em estradas mais seguras e confiáveis.

Seria o dinheiro da corrupção (meio bilhão de reais) sendo usado para impedir sofrimento e dor às viúvas e órfãos deste Estado, que têm parentes vítimas da estradas ruins (acidentes ocorrem a toda hora, graças às más condições das estradas).

Meus caros.

O salário mínimo vigente no Brasil é de R$ 678 reais, portanto se o dinheiro não tivesse sido desviado para os bolsos dos políticos, seria possível manter 61.455 trabalhadores recebendo salário durante um ano. É um universo de pessoa empregadas maior que a população da maioria de nossos municípios.

Ou podemos comprar carros.

Um veiculo popular, tipo Fiat Palio básico, custa R$ 23.000 reais. Portanto com o dinheiro roubado poder-se-ia adquirir 21.739 veículos zero km, ou cerca de 370 veículos de luxo tipo Ferrari Califórnia, ao custo de R$ 1.248.712 reais a unidade.

Há muito mais exemplos, mas são desnecessários. Porque o cidadão já sabe que a “bolsa corrupção” e seus beneficiários não merecem prosperar, pelo mal que faz à vida de todos, indistintamente. 

Vilson Nery e Antonio Cavalcante Filho são militantes do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral) Comitê de Mato Grosso.
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