Cuiabá | MT 29/04/2024
Onofre Ribeiro
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Quarta, 10 de abril de 2013, 15h36

A dura realidade das rodovias

Desde que se inventou a expressão “logística” a realidade das estradas deixou de representar uma realidade para representar só uma discussão que gera votos, não resolve os problemas, mas é um grande discurso político. Uma forma de escamotear um problemão nacional e ainda dar-lhe um grande glamour. Quem fala em logística parece culto, inteligente e capaz de resolver os problemas reais das estradas.
Há uma semana fui de Cuiabá à Serra de São Vicente, cerca de 70 km, num sábado à tardinha. No entanto, entre a saída do Distrito Industrial e aquele trecho de pista dupla no começo da serra, só consegui fazer duas ultrapassagens, mesmo assim porque estava num carro veloz. A fila de caminhões era imensa e colados uns nos outros, numa dura jornada de percorrer o país levando e trazendo cargas dentro de cronogramas apertados.
Foi inevitável lembrar as minhas primeiras viagens entre Brasília-Cuiabá-Brasília, lá pelo ano de 1976 quando vim para Mato Grosso. No máximo, cruzava com duas carretas na ida ou na vinda, nos 900 km entre Goiânia e Cuiabá. Hoje, segundo levantamentos do DNIT passam mais de 10 mil carretas por dia entre Cuiabá e Rondonópolis.
O leitor deve estar se perguntando o que uma coisa a ver com a outra. É só pra lembrar que de 1976 a 2013 se passaram 37 anos e só uma pequena mudança aconteceu na rodovia, que foi aquela duplicação em concreto de 10 km na Serra de São Vicente, mesmo assim depois de 15 anos de obras e de centenas de mortes. Mas em 1990 a produção de grãos em Mato Grosso era de 2,5 mil toneladas, contra as atuais 36,5 mil toneladas. Mesmo essa diferença de 34 milhões de toneladas a maior em 37 anos não bastou para sensibilizar a solução da logística.
Aí se compreende logística como esse funil que no ano que vem já não permitirá o tráfego de 1 milhão 154 mil caminhões nas estradas num período concentrado de cinco meses da safra. Cada um transportando em média 30 toneladas.
Mesmo essa dura realidade não foi suficiente para mobilizar os setores do planejamento federal e nem o estadual. O número de mortes nas rodovias é assustador, mas também não basta. No fundo, o discurso da tal logística alimenta o mundo político e passa mel na boca da sociedade com a ilusão de que o glamour da palavra não represente mais do que um simples discurso para as campanhas eleitorais. O futuro nos cobrará muito caro por essa vergonhosa omissão! 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso onofreribeiro@terra.com.br
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