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Onofre Ribeiro
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Quinta, 06 de junho de 2013, 09h05

Novos bugres de olhos azuis

No ano de 1980, era editor da Revista Contato, uma publicação mensal que mantínhamos em Mato Grosso, junto com Eugenio de Carvalho, Vilson Minossi, João Roberto Curti, João Roberto de Francisco e José Pedro de Freitas, fiz uma entrevista histórica. Às vésperas do primeiro censo do novo estado, depois de separado de Mato Grosso do Sul, entrevistei o delegado regional do IBGE no estado, o professor Nelson Pinheiro, tio do depois senador Jonas Pinheiro.

É bom lembrar que depois de 1973, Mato Grosso recebeu uma grande onda de migrações de gente vida de todo o Brasil na política do governo federal, de ocupar a Amazônia dentro do lema “Integrar para não entregar”. Perguntei ao professor Nelson Pinheiro que tipo de mato-grossense ele esperava encontrar no censo depois de tantas migrações. Ele respondeu com naturalidade: “espero encontrar um bugre de olhos azuis”, recordando o estereótipo do caboclo pantaneiro. Vale recordar que em 1970, a população do Norte, que se manteve como o atual Mato Grosso, era de 598 mil habitantes, segundo o próprio IBGE. Em 1980, o censo detectou 1 milhão 139 mil habitantes. A diferença entre os habitantes de 1970 e dos de 1980 seriam os “bugres de olhos azuis”, mistura racial entre mato-grossenses anteriores e os migrantes.

Dez anos mais tarde voltei a entrevistá-lo, já aposentado, de cabelos brancos, e nos lembramos da conversa de 1980. Ele me contou que em sua casa tinha netos “bugres de olhos azuis”, porque seu filho, “bugre como eu”, casou-se com uma moça nascida em Santa Catarina, filha de pais alemães e italianos.

Passados 40 anos desde o começo da ocupação da Amazônia, pretendida pelo governo federal, a população de Mato Grosso saltou daqueles modestos 598 mil para os 3 milhões e 33 mil do censo de 2010. Crescemos 507%. Os 2 milhões 435 mil da diferenças, em tese, são antigos e novos “bugres de olhos azuis”, uma miscigenação racial muito forte, envolvendo migrantes do Brasil inteiro que aportaram no estado desde 1973. Nossos filhos e netos são todos “bugres de olhos azuis”. Em minha casa a mistura foi enorme e muito diversificada como, de resto, em todo o estado.

O mérito disso está na quebra de amarras e a abertura de todos para a absorção de atitudes novas e destemidas que tem colocado Mato Grosso num patamar de inovações e de produção relevante no Brasil. Veja-se a questão do agronegócio, na qual o estado é líder nacional, apesar de todas as variáveis contrárias.

Aliás, esse assunto puxa outro, que é a percepção de que Mato Grosso será, conforme anteviu Dom Bosco em 1883, “a terra da promissão, farta de pão e de mel”. Mas isso é outra conversa...! 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso onofreribeiro@terra.com.br
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