Cuiabá | MT 29/04/2024
Onofre Ribeiro
623386141c879849c418ec457e4022d5
Quinta, 18 de abril de 2013, 14h40

Crise, passado e futuro

Neste série de artigos sobre a crise política e logística, mais do que econômica, que está atingindo o setor do agronegócio em Mato Grosso, fui atrás de alguns números. O mapa da região Centro-Oeste na década de 1960 é de uma simplicidade comovente: Mato Grosso nem aparece. Já na década de 1970, iniciada a nova Marcha para o Oeste, Mato Grosso aparece com uma faixa de ocupação agrícola no Vale do Araguaia, Canarana e Água Boa. Na década de 1980, há um aparecimento relevante, junto com Rondônia. Daí pra a frente a relevância de Mato Grosso cresce de crise em crise, ora por doenças, ora por falta de crédito, ora por inadimplência generalizada, ora por crise cambial, mas sempre crescendo.
O primeiro ano relevante foi o de 1994, com uma produção de grãos na ordem de 4,5 mil toneladas, até as atuais 39,1 mil de soja e milho na safra de 2012/2013. Tudo isso aconteceu muito depressa. Os Estados Unidos e Europa levaram quase 200 anos para alcançarem esse nível de produção alcançado aqui em menos de 30 anos. A diferença é que lá a infraestrutura acompanhou o crescimento da produção por compreendê-lo estratégico. No Brasil, ao contrário. A infraestrtuura não andou nada. Em 1973 pavimentou-se as rodovias BR-163 de Campo Grande a Rondonópolis e a Cuiabá, e a BR-364 de Goiânia a Cuiabá. A ferrovia veio por iniciativa privada ao longo de mais de 30 anos e mesmo assim só até a entrada Sul de Mato Grosso. Hidrovias esbarraram na burocracia federal e no radicalismo do Ministério Público Federal.
A rodovia BR-163, de Cuiabá ate Santa Helena, foi feita pelo governo estadual em 1984 com recursos de financiamentos internacionais que até hoje são pagos a peso de ouro por Mato Grosso. A BR-158, de Barra do Garças até Canarana, e a BR-070, da Serra de São Vicente até Barra do Garças também foram pavimentadas na mesma época do governo Júlio Campos, com recursos internacionais, numa atitude absolutamente ousada e corajosa para a época. A única rodovia federal pavimentada com recursos da União, foi a BR-364 de Cuiabá a Cáceres e a Porto Velho. E mesmo assim porque o governo militar da época, já meio cambaleante, em 1984, precisava emancipar o Território Federal de Rondônia para ver se aumentava a sua bancada de apoio no Congresso Nacional. O regime militar acabou em 1985.
Em 1990 o presidente Fernando Collor de Mello extinguiu o Geipot, que era um grupo estratégico de planejamento da logística, com uma forte cultura adquirida e riquíssimo acervo estratégico destruído em seguida. De lá para cá foi só tristeza a falta de planejamento da infraestrutura brasileira, até chegar aos tempos atuais quando o que existem são apenas “conversas”, apelidadas de “planejamento”.
O assunto continua amanhã com um estudo de potencialidades da produção futura de Mato Grosso e de consumo de alimentos no mundo. 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso onofreribeiro@terra.com.br
MAIS COLUNAS DE: Onofre Ribeiro

» ver todas

Busca



Enquete

O Governo de MT começou a implantar o BRT entre VG e Cuiabá. Na sua opinião:

Será mais prático que o VLT
Vai resolver o problema do transporte público.
É uma alternativa temporaria.
  Resultado
Facebook Twitter Google+ RSS
Logo_azado

Plantão News.com.br - 2009 Todos os Direitos Reservados.

email:redacao@plantaonews.com.br / Fone: (65) 98431-3114